🎧Escrevi ouvindo “Balcony”, de Euphemism.
Qual é a sua tendência ao sentir uma dor? Tentar eliminá-la, não é?
O que vem logo na cabeça é “como posso fazer para não sentir mais essa dor?”
Nós aplicamos essa lógica para tudo:
como posso parar de sentir essa tristeza?
como posso parar de sentir ansiedade?
como posso sair desse emprego e parar de me sentir tão desconfortável?
Então, muitas vezes, buscamos parar de sentir qualquer desconforto. (Leia também: “Homem não chora… mas agride")
Você concorda que a vida é cheia de momentos desconfortáveis?
Mais do que momentos, períodos desconfortáveis...
Em alguns casos, mais do que períodos: uma vida em si tão desconfortável que parece nem valer mais a pena.
Vem comigo.
Fica nesse texto, porque você vai aprender algo muito valioso para sua vida:
o primeiro passo para a mudança é não tentar mudar.
Eu vou elaborar melhor. Confia!
Saia da sua mente e entre na sua vida
Pra começar, vou trazer mais algumas afirmações que você encontra no livro “Saia da sua mente e entre na sua vida” e que dão um bom contexto para o que vou te ensinar hoje:
A dor psicológica é normal, é importante, e todo mundo tem.
Você não pode deliberadamente se livrar de sua dor psicológica, embora possa tomar algumas medidas para evitar aumentá-la artificialmente.
Dor e sofrimento são dois estados diferentes de ser.
Você não tem que se identificar com seu sofrimento.
Aceitar sua dor é um passos para livrá-lo do sofrimento.
Existem diferenças entre a função de um sofrimento psicológico e o formato que ele ocupa na sua vida.
Acompanhe o seguinte cenário.
Uma pessoa está lutando uma guerra, mas as batalhas não estão indo bem. A pessoa pensa, então, que deve lutar cada vez mais.
Perder essa guerra parece devastador, e ela acredita que o único jeito de ela viver uma vida significativa seria vencendo essa guerra - mas a guerra nunca termina.
Essa pessoa ignora que poderia deixar o campo de batalha e começar a viver sua vida no presente.
A guerra continua a mesma, no mesmo lugar.
Porém, vencer a guerra não é mais o objetivo dessa pessoa; seu objetivo, agora, é viver a vida significativa que acredita que só seria possível viver se vencesse a guerra.
Sofrimento psicológico é como areia movediça
Imagine que uma pessoa está na areia movediça e começa a sentir medo.
Ela, provavelmente, começa a fazer o que aprendeu a fazer diante de um problema: lutar para sair.
Esse tipo de ação funciona bem em muitas situações: correr do perigo, mover-se rapidamente, acabar com a ameaça...
Na areia movediça, a lógica é diferente.
Quanto maior a superfície de contato do corpo com a areia, melhor. Então, o ideal é que a pessoa deite-se de braços abertos.
Só que, para alguém que está se esforçando para sair da areia, pode ser difícil aceitar que o mais sábio a se fazer é ficar na areia.
O sofrimento é como uma areia movediça psicológica, mas com algumas características especiais.
Quando a areia movediça de uma memória negativa sobre o passado será apagada?
Quando as memórias sobre o bullying, a negligência, a violência que você sofreu ficarão, completamente, para trás?
Quando você conseguirá sair da areia movediça das características de si mesmo das quais você menos gosta?
A areia movediça em que nos encontramos é infinita...
Aceitação
Aceitação é ver as situações como elas são; não como você pensa que são.
Trata-se de “receber” o que está aqui, agora, no presente - e ver a realidade sem aplicar as lentes da preocupação, da ruminação, da pressa em encontrar uma solução (ou de sair da areia movediça).
Preste atenção na sua respiração agora.
Antes de eu pedir isso, você não estava notando se estava inspirando ou expirando...
Agora, você está ciente da sua respiração, no momento presente, no qual ocorre essa experiência.
Enquanto você se concentra na respiração e lê esse texto, você também tem pensamentos que interferem no exercício de estar atento, ciente e presente.
Se você começar a ter pensamentos como “estou respirando muito rápido” ou “esse exemplo não ajuda em nada”, você pode notar que seus pensamentos sobre a respiração (ou sobre o texto) são diferentes da ter a experiência (sensorial) da sua respiração… de senti-la.
Então, você começa a lutar contra seus pensamentos: “Eu deveria conseguir me concentrar na respiração”, “Eu não deveria pensar essas coisas”.
Você não está mais aceitando, nem ficando ciente do presente.
Você começou a entrar em camadas mais profundas da sua guerra para sair da areia movediça...
Tentar se livrar de uma dor pode torná-la ainda pior.
Por isso, a aceitação é o primeiro passo, mas
Aceitar é diferente de gostar.
Aceitar é diferente de pensar que "está tudo bem".
Aceitar significa que você sabe que isso é o que é.
Terminou, e agora?
Marsha Linehan é a psicóloga criadora da Terapia comportamental dialética e demonstrou a importância da “aceitação radical”.
Pense no término de um relacionamento como exemplo.
A aceitação radical é ver a realidade como ela é; não da forma como quer que ela seja.
Você pode ficar com raiva pelo término; pode ficar triste por estar sozinho. Então, você pode pensar “Não suporto isso. Exijo que ela volte para eu ficar bem”.
Você passa um tempão reclamando, ruminando, pensando em várias formas de como a realidade poderia ser diferente do que ela é...
Aceitação radical seria reconhecer a realidade que se apresenta para você:
Nós terminamos. Não gosto disso. É a partir dessa realidade que preciso começar.
Mas… e a mudança?
Essa aceitação da realidade abre espaço para a mudança, para você mudar a partir daquilo que é real (do que está acontecendo, das suas condições de vida, das emoções que está sentindo).
A partir disso, você pode agir... mas como?
Bom, você precisa de uma direção, dada pelos seus valores pessoais.
Preocupação, ruminação, evitação são formas de você negar aquilo que não gosta, de protestar contra a realidade, de se recusar a aceitar a incerteza e os (seus) limites.
Ao invés disso, busque identificar o que realmente você valoriza e deseja na sua vida.
Essa consciência dos seus valores pessoais vai te ajudar a fazer aquilo que é difícil de fazer, a suportar o desconforto para construir a vida que você deseja.
Assim, você terá
ponto de partida: sua realidade atual.
um guia: agir de acordo com seus valores.
Então, você precisará de
metas definidas
um passo a passo
Ao partir de sua realidade atual (sem negá-la) e agir de acordo com seus valores, você seguirá o caminho até suas metas, sentindo (de forma mais saudável) os desafios da vida.
E isso é, definitivamente, o melhor que você pode fazer por você - a partir de agora!
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A gente vive tentando fugir da dor: parar de sentir tristeza, ansiedade, desconforto.
Mas isso só nos afunda mais na “areia movediça” do sofrimento.
A virada?
Parar de lutar contra a dor e começar a aceitá-la.
Aceitação radical não é dizer que tá tudo bem.
É reconhecer a realidade como ela é, mesmo sem gostar.
Isso abre espaço para agir com base nos seus valores. Só assim você sai da guerra interna e começa a viver de verdade.
Valter Machado
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#Achados#
Uma série. “The Four Seasons” (As quatro estações), disponível na Netflix, é uma série de drama e comédia sobre casais - claramente, baseada no seu atual (ou no seu antigo) relacionamento.
Um livro. Leia “Saia da sua mente e entre na sua vida”… bom, para, sair da sua mente e viver a sua vida da melhor forma possível.
Uma música. “Bittersweet”, de Lianne La Havas (leia a letra enquanto escuta a música).
qp;rl = que preguiça; resume logo